IPOs, oportunidades ou ameaças ?

Os IPOs, ou Initial Public Of erings, termo em inglês para Ofertas Públicas Iniciais de Ações, são as negociações de ações através das quais os recursos dos investidores são captados diretamente para o caixa das empresas. Diferem das negociações em bolsa, em que os recursos de um investidor vão para os bolsos de outro investidor. É através dos IPOs que as empresas obtêm o capital necessário para viabilizar novos projetos ou grandes investimentos na expansão de suas atividades. A vantagem está no fato de os recursos serem levantados de forma barata. Pois, diferentemente da emissão de debêntures, a empresa passa a ter parceiros que aceitam compartilhar seu risco, e não credores.

Acessibilidade

A partir de 2004, os IPOs se popularizaram no Brasil com um grande número de lançamentos de ações bem-sucedidos. Sobretudo como Natura, Gafisa, Redecard e outras, que inspiraram muitas pessoas que nunca haviam antes investido em ações a começar por essa modalidade.

Participar de uma oferta pública não é difícil. Basta abrir conta em uma corretora de valores e encaminhar a ela o pedido de compra dos papéis dentro do prazo de reserva. Essa facilidade abre as portas para a oportunidade de começar a comprar papéis por meio de um procedimento mais simples ainda, através do homebroker da corretora.

Riscos

Porém, o fato de o processo ser simples não significa que está livre de riscos. Quem percebeu isso foram os investidores que, no embalo dos IPOs de 2004 e 2005, muito bem-sucedidos e com rentabilidades elevadas em mais de 90% dos casos. As cotações subiram com a abertura, beneficiando quem comprou o papel no lançamento. Posteriormente, muitos decidiram se aventurar e quebraram a cara com muitas operações fracassadas em 2006 e após a crise de 2008. Nenhum outro exemplo é tão flagrante quanto o das ações da companhia petrolífera OGX, que tiveram queda de mais de 98% entre seu IPO em 2010 e setembro de 2013.

O motivo das altas espetaculares está no grande interesse de investidores estrangeiros. Eles adquirem grandes quantidades dos papéis recém-lançados, fazendo com que muitos investidores não consigam comprar todos os papéis antes do lançamento. Consequentemente, quem fica de fora tenta fazer suas aplicações no dia da estreia no pregão, catapultando o preço para cima.

O risco assumido ao investir em uma oferta pública primária, aquela em que a empresa estreia na bolsa, é sensivelmente superior ao de investir em papéis que já são previamente listados na bolsa. Como o investimento em ações de qualquer empresa, é fundamental que o investidor analise cuidadosamente os projetos da companhia. Sobretudo seus riscos setoriais, governança, históricos de sucesso e insucesso e os efeitos desses fatores no desempenho de suas ações. Uma empresa estreante, porém, não possui histórico a oferecer, uma vez que ela está saindo da obscuridade das empresas de capital fechado. Para piorar, consultores e analistas ficam proibidos de emitir opinião sobre a empresa desde o dia em que ela registra oficialmente o pedido de lançamento até um mês depois da estreia. Certamente, é como atirar no escuro.

Limitações

Mesmo quando a empresa adota medidas para tornar públicas suas informações, permitindo que o mercado faça análises positivas sobre o negócio, existe a possibilidade de o IPO ser um fracasso. Principalmente se o preço pedido pela empresa por suas ações for muito elevado. Portanto, se o investidor pagar caro, sua rentabilidade estará comprometida.

Portanto, os IPOs não são a melhor alternativa para quem estreia no mercado de renda variável. Podem ser ótimos negócios para investidores mais experientes e conhecedores das empresas. Sobretudo, no máximo, representar uma pequena parcela de especulação, algo entre 10% a 20%, na carteira de iniciantes.