Análises para Investimento

Existem basicamente duas grandes escolas de análises de investimento nos mercados de renda variável: a escola fundamentalista (clássica) e a escola técnica (gráfica).

Abordaremos dois tipos de análises, a fundamentalista e a técnica (ou gráfica). Na fundamentalista o foco será nos fundamentos das empresas para nos ajudar a compreender as possibilidades de crescimento ou decrescimento dos ativos e avaliar as perspectivas futuras. Na análise fundamentalista definimos o que comprar (onde investir) e na análise técnica definiremos quando ou o momento certo para comprar ou vender uma ação.

Análise Fundamentalista

Sua lógica é que os preços praticados no mercado devem refletir o desempenho da empresa em questão. Portanto, é mais importante estudar os aspectos fundamentais da empresa, como sua saúde financeira, indicadores, variáveis diversas, etc., do que tentar prever os comportamentos dos preços.

O analista fundamentalista entende que o mercado é de comportamento caótico, mas que não pode fugir por muito tempo dos fundamentos que, em tese, reflete. Portanto, apesar dos altos e baixos do mercado, frutos de euforia ou pânico, o mercado tende a buscar um valor que reflita o real valor do ativo em questão. Por isso que os investidores se preocupam menos com os preços e mais com os fundamentos. Esses investidores buscam bons fundamentos. Eventualmente, os preços seguirão.

É importante ressaltar a diferença entre preço e valor. Preço é o que é praticado no mercado e é amplamente divulgado. Todos sabem o preço de um ativo. O preço é a cotação. O valor já é uma noção mais subjetiva e, muitas vezes, distante do preço. O valor representa a real representação de riqueza de um ativo, enquanto que o preço é simplesmente o reflexo monetário da disposição momentânea dos participantes em negociar esse ativo. Conseguir auferir o valor (preço justo) de um ativo é uma tremenda vantagem competitiva, pois permite ao investidor um referencial de preço para saber se algo está caro ou está barato. Daí que surgem as oportunidades de comprar abaixo do preço justo e vender acima ou no preço justo.

Entretanto, a Análise Fundamentalista se divide basicamente em 3 partes :

  • Análise Macroeconômica
  • Análise da Empresa (qualitativa, governança)
  • Análise Quantitativa (precificação, valuation)

Análise Macroeconômica

Essa parte da analise serve para você entender o contexto em que a empresa se encontra, devemos analisar o contexto macroeconômico externo e identificar impactos internos, ex: quais variáveis impactam mais na empresa ? Juros ? Cambio ? Inflação ? Disponibilidade de credito ? Quais as perspectivas do setor ? O setor tem risco de um marco regulatório? Qual a influência do governo e empresas reguladores para com essas empresas ?? Só conhecendo a empresa a fundo eu posso responder a essas perguntas de forma mais objetiva.

Análise da Empresa

Essa parte é responsável por te dizer quase tudo da empresa, quem é, o que faz, como ganha dinheiro, qual o perfil da dívida da empresa, governança, enfim, aqui você vai conhecer a fundo quem é a empresa.

Análise Quantitativa

Essa parte da análise é responsável por me dizer qual empresa está em melhor momento de compra, avaliando múltiplos, fluxo de caixa descontado, modelo de gordom, enfim, diversas formas de se calcular o valuatuion das empresas, entender os números e a realidade da empresa nos permite ajustar os números para entender de onde vem o valor da empresa, tendo ideia do preço também nessas condições dá para avaliar o retorno potencial do seu investimento, aqui não tem um método melhor, vai depender muito do tipo de empresa. Aqui devemos avaliar o histórico e projetar o futuro dessa empresa com base nos estudos realizados.

Análise Técnica

A análise técnica é o estudo da dinâmica do mercado através dos sinais que o próprio merca do emite. Estes são os preços, o volume de negócios e o total dos contratos em aberto.
O analista técnico acredita que todos os fatores que podem influir no preço de um determinado produto são descontados pelo mercado no processo contínuo de negociação que determina este preço.
O analista técnico diz que mesmo que alguém tenha conhecimento de todos os fatores fundamentais que afetam o preço de uma mercadoria tais como clima, greves, decisões políticas, fatores de demanda, etc…, ele ainda assim não terá todos os dados necessários para compreender a formação dos preços, porque não são estes dados em si que os afetam, mas sim a maneira pela qual os participantes do mercado a ele reagem.
Segundo a análise técnica, o único local em que todos os fatores, tanto os de oferta quanto os de demanda, somado à psicologia das massas com seus medos e esperanças – assim como as suas estimativas e “palpites” – estão reunidos, é no próprio mercado, e que este portanto é que deve ser estudado. A análise técnica é o estudo de como os preços se movimentam, não se preocupando do porque
estes se movimentam.

Ela parte de três princípios:

  1. A ação do mercado reflete todos os fatores envolvidos neste
  2. Os preços se movimentam em tendências
  3. O futuro repete o passado.

Destes três conceitos o mais polêmico é o segundo. Muitos estudiosos pretendem ser este falacioso, afirmando que os preços se movem de forma aleatória, não se podendo portanto prever os movimentos futuros pelo movimento passado. Para melhor entendimento das “tendências”, vamos exemplificar com a Teoria de DOW.

A Teoria de DOW e o conceito de tendência

O conceito de tendência é o princípio básico da análise técnica. Todos os instrumentos e análises, com suas formações, linhas, indicadores, etc… visam determinar qual a direção do mercado, as suas correções de meio de percurso e as reversões de tendência.

De um modo geral, tendência é exatamente isto, ou seja, a direção do mercado. Existem três tendências: altista, baixista e neutra. Com relação ao tempo, existem também três tipos de tendências: tendências de longo prazo, médio prazo e de curto prazo. De modo geral, no mercado futuro, trabalha-se essencialmente com as duas últimas.

Charles H. Dow, que foi o primeiro a propor o conceito de tendência, preocupava-se essencialmente com as duas primeiras, visto que estava voltado para o mercado acionário no qual não existe o princípio de alavancagem. Ele comparava os diferentes tipos de tendência aos movimentos do mar, com as suas marés, ondas e cristas. Quando a maré está subindo, cada onda que quebra, quebra um pouco mais alto que a outra e depois recua. Assim, se pusermos um bastão assinalando o ponto máximo atingido pela onda, em pouco tempo saberemos se a maré é montante ou vazante, demorando-se um pouco mais a se perceber a tendência quando da reversão de uma para a outra. As tendências de curto prazo, ou seja, diárias ou de poucas semanas, para Dow, se comparavam às cristas, não tendo portanto maior relevância. Nos mercados futuros isto muda um pouco.

Além destes conceitos a teoria de Dow diz que:

As médias levam tudo em consideração, ou seja, todos os fatores tanto de demanda como os de oferta quanto as expectativas que existem no mercado estão já embutidas no valor da média. A qualquer momento o preço de mercado é o valor correto pois senão haveria variação imediata daquele, pela entrada de novos participantes no mercado.

As tendências de longo prazo tem três fases:

A primeira é a fase da acumulação, na qual todas as más notícias já foram descontadas e na qual os investidores mais perspicazes começam a comprar. A segunda fase, na qual os analistas técnicos começam a entrar, é aquela na qual os preços começam a subir rapidamente e as notícias começam a ser favoráveis.

A terceira e última fase é caracterizada por uma grande entrada do público (“leigos”) com os jornais começando a publicar cada vez mais notícias altistas, os indicadores econômicos melhores do que nunca, e o volume especulativo aumentando. É durante esta última fase que o investidor “profissional” começa a sair do mercado, vendendo em um momento que ninguém quer vender, após ter entrado no mercado quando ninguém queria comprar.

O VOLUME TEM QUE CONFIRMAR A TENDÊNCIA

Dow dava a esse aspecto (no mercado acionário), uma importância secundária, mas o fato é que numa tendência altista o volume deve subir quando das altas e diminuir nas correções de meio de percurso. Novas altas não confirmadas pelo volume indicam perda de força da tendência. Isto é geralmente verdade também na tendência de baixa, embora com menor força.

ASSUME-SE QUE UMA TENDÊNCIA PROSSEGUE ATÉ SE TER INDICAÇÃO DO CONTRÁRIO

Sobretudo este é um princípio muito importante na análise técnica. Embora que devido a ele o analista técnico “desperdice” tanto o começo de uma tendência quanto uma parte significativa do seu fim, por sair geralmente “um pouco atrasado”. Afinal, a verdade é que não existe fórmula ou método que permita a entrada exatamente no fundo e a saída exatamente no topo, ou vice-versa. Em suma, as inúmeras tentativas feitas até hoje para a sua descoberta, além de infrutíferas, custaram aos seus autores fortunas consideráveis.