Qual é melhor : Fundamentalista ou Técnica ?

Na análise de investimentos em ações, tanto entre investidores quanto entre analistas profissionais, as pessoas sempre terão uma queda maior por uma ou outra técnica. Como não podia deixar de ser, ambas as técnicas possuem seus prós e contras para qualquer tipo de investidor.

A análise fundamentalista exige o conhecimento de um volume colossal de informações, nem sempre acessível de maneira uniforme a todos os analistas. Decerto isto pode gerar divergências entre recomendações de diferentes profissionais. Já na análise técnica, por utilizar elementos lógicos como base de seus estudos, tende a encontrar maior consenso entre seus analistas.

Análise Técnica

A análise técnica tende a imbuir seus seguidores de certo espírito de adivinhação, procurando antever as cotações. O melhor ponto de venda estará na máxima cotação do dia. E o melhor ponto de compra para um papel estará no ponto de menor preço. Fará melhor negociação quem mais se aproximar desses pontos, desafio que a análise técnica se propõe a enfrentar. Justamente por questionar esse aspecto, a análise fundamentalista sequer considera a possibilidade de identificar a cotação mínima ou máxima de um dia ou de um período maior. Fato este que causa alguma ineficiência na agilidade das decisões.

Análise Fundamentalista

Contudo, a análise fundamentalista tende a ser mais certeira, desde que você considere os resultados no longo prazo – infelizmente, nem todo investidor tolera riscos por muito tempo. Já a análise técnica benfeita acerta muitas vezes, principalmente nas escolhas de curto prazo, mas, nas poucas que erra, induz a perdas significativas – como recomendar a compra de um papel podre quando sua cotação se aproxima de um suporte e esse suporte é rompido. Por apego à racionalidade do gráfico, a maioria dos grafistas ignora os fundamentos e as notícias; isso pode provocar fortes recomendações de venda mesmo no instante em que uma empresa anuncia melhorias fantásticas, o que seria uma situação de compra pela análise fundamentalista.

Premissas

Uma das premissas da análise técnica é a de que tudo que se conhece em termos de fundamentos já está descontado nos preços,  inclusive o que a maioria dos investidores não sabe, mas os insiders sabem. Essa ideia leva grande parte dos grafistas a simplesmente desconsiderar qualquer fundamento, sob pena de estar considerando duas vezes. Uma das premissas da análise fundamentalista é que os movimentos grafistas aparentemente irracionais só surtem efeito no curto prazo, sendo anulados no longo prazo.

A análise técnica estuda apenas o passado da ação, e não o futuro da empresa. A análise fundamentalista se baseia no passado para tecer considerações sobre o futuro, mas não garante quanto tempo decorrerá para o futuro chegar – enquanto isso, a análise técnica promete ser certeira.

Esses defeitos e qualidades que opõem as duas técnicas geram um efeito bastante característico dos mercados: quando sobem,  motivados por fundamentos, os preços sobem mais do que deviam e, quando vão corrigir as distorções causadas pela alta excessiva, com base na análise técnica, eles caem mais do que deviam. Com o tempo, vão se acomodando em uma tendência.

Considerações

Um boa sugestão é combinar as duas formas de análise. Decida em quais papéis investir nos próximos meses com base nos completos relatórios de análise fundamentalista. Considere sempre mais de duas opiniões diferentes ao pautar suas escolhas dessa maneira.

Na hora de comprar, jamais deixe de considerar a opinião da análise técnica, pois você pode agir por impulso, diante do bom desempenho do papel que você esperava comprar, e decidir fazê-lo apenas quando for o momento de venda para milhares de investidores. Saiba o que comprar, mas compre com desconto !

Nas quedas da bolsa ou de seu papel, você deve conservar a calma e a mente lúcida. Recorra sempre a informações sobre a empresa, principalmente através dos canais de relações com investidores – disponíveis nos sites das empresas de capital aberto –, para obter informações sobre o impacto da notícia ruim ou da crise sobre os negócios da empresa.

Se seus planos são mesmo de longo prazo e se a crise não tem como epicentro a empresa em que você investe, evite capitalizar uma perda. Espere que a turbulência passe e que o papel recupere o seu valor. A única justificativa para vender seus papéis a preços menores do que eles realmente valem é em caso de emergência, em que realmente precise do dinheiro na mão naquele exato momento. Porém, se isso acontecer, é porque você adotou a estratégia errada, não mantendo em renda fixa os recursos de que poderia precisar. Nesse caso, o prejuízo será um belo investimento em seu aprendizado…

Conclusão

Em suma, crises são uma oportunidade para compras, e não para vendas. Ao comprar barato, você poderá revender barato ou revender caro. Se já comprar caro, só poderá lucrar se revender bem mais caro. A hora de vender é quando todos estão em festa, querendo comprar mais. Tão importante quanto manter a calma e a lucidez nas crises é manter a frieza nas altas das bolsas. A falsa sensação de segurança e certeza provocada por longos períodos de lucros é a grande armadilha para os iniciantes.

Deixe a euforia de lado e prepare-se para vender ou rebalancear quando a primeira manchete sobre festa nas bolsas surgir. Investir seguindo uma tendência que já rendeu bons resultados para muitos investidores é uma atitude que está mais para o comportamento de consumo do que para o de poupança. Longos períodos de bonança devem suscitar preocupação, e não comemorações.

Quedas na bolsa deveriam ser comemoradas, e não lamentadas.