Análise dos setores da economia

Para uma análise dos diferentes setores da economia você deve separar as empresas por setores e subsetores. Para que você possa conhecer quem são os concorrentes da empresa que você está analisando, comparar margens, e tudo mais, é importante entender as características de cada setor, e algumas particularidades que alguns setores tem, como regulação governamental. Alguns setores são muito dependentes do momento econômico do país, ou seja, costumam sofrer mais durante as crise e tal. Então para exemplificar melhor vamos conhecer um pouco mais de cada setor…

SEGUROS E PREVIDÊNCIA

É um setor relativamente seguro se comparado a outros setores da economia que são mais cíclicos, o importante nesse setor é saber que ele se divide em 2 grandes grupos. 

Tem as empresas que vendem produtos e serviços para bancos. Nesse caso você tem que ver quem tem melhores margens liquidas e que tenham um bom potencial de crescimento. Esse tipo de empresa tem margens excelentes e um risco relativamente menor do que as empresas seguradoras, já que elas recebem uma “comissão” dos bancos e não tem todo o risco e custo do negócio em si.

E tem as empresas que elas mesmas são as seguradoras. Essas empresas já tem um nível de risco um pouco mais elevado, já que elas tem todas as obrigações das seguradoras. E além das margens, é importante você olhar o índice de sinistralidade (que é quanto % os sinistros representam da receita da empresa). Aqui as margens caem drasticamente já que elas tem todo o custo do negócio. É importante lembrar que a crise interfere indiretamente na empresa, quanto pior a taxa de desemprego e tal mais o índice de sinistralidade.

ALIMENTAÇAO

O setor de alimentação é um setor impulsionado pela atividade econômica e distribuição de renda. Reage a preços de commodities alimentícias o câmbio também é um fator muito relevante para essas empresas, uma vez que o real fica mais caro os produtos perdem competitividade do produto exportado, se o dólar aumentar beneficia o setor pelo aumento de demanda. Ações regulatórias de países importadores e acordos bilaterais tem forte influência nessas empresas já que alteram a demanda do produto. As empresas que se saem melhor nesse setor são as empresas que diversificam seu case e manufaturam a matéria prima (agregam valor ao produto, consequentemente aumentam as margens dos produtos).

Esse setor tem uma concorrência muito forte já que os produtos são comuns. Existem várias marcas vendendo o produto, as crises interferem diretamente ou indiretamente na receita das empresas, vai depender dos tipos de produto que as empresas vendem, nas crises o poder de compra das famílias caem, devido a inflação mais alta, juros mais altos, já que a maioria dos brasileiros adora um credito. E ainda tem a questão da taxa de desemprego que aumenta muito nesses períodos.

Outro ponto é a dependência da internacionalização da produção (exportação dos produtos), ou seja, depende da valorização do real, depende da política de importação dos países (para onde o Brasil exporta), barreiras sanitárias e tal, depende de clima e safra e entre safra. Complicado !

RENDA IMOBILIÁRIA

Esse setor é o setor de empresas que alugam lojas e espaços em shoppings e centros comerciais. Esse setor anda lado a lado com o setor de construção no que diz respeito a crise e momentos de mercado (ciclo imobiliário), ou seja, sofre influência direta de Selic, IPCA, IGP-M, já que os contratos são reajustados pelas taxas citadas. Porém se esses indicadores aumentarem muito, no caso de uma crise por exemplo, a vacância começa a preocupar, ou seja, é recomendável seguir a estratégia de FII’s e diversificar. Procure empresas que tem imóveis em diversos locais, e procure saber a qualidade desses imóveis. Analise também os momentos de mercado, a taxa de vacância da região dos imóveis (isso você pode ver em relatórios trimestrais que saem de empresas  especializadas).

EDUCAÇÃO

O setor de educação é um setor relativamente seguro e com grandes perspectivas de crescimento em razão da taxa de escolaridade e do potencial aquecimento da economia o que aumenta a demanda por mão de obra especializada. Empresas que focam em ensino a distância (EAD) tem uma vantagem, pois tem um custo muito baixo e um retorno alto, já que a quantidade de pessoas alcançadas também aumenta, isso demonstra uma boa gestão.

Esse setor tem uma concorrência relativamente grande, não que isso seja ruim, mas pode em algum momento derrubar um pouco as margens das empresas. Os maiores custos nesse tipo de empresa são os custos de construção dos imóveis ou compra de outras empresas menores. Importante destacar também os programas do governo como o por exemplo o FIES, analise qual o impacto desses programas para a empresa.

Empresas com um modelo educacional padronizado e de baixo custo e capazes de aplicar uma mesma estratégia em diversas regiões do país onde há potencial para expansão dos negócios. Essas são as que tem maiores perspectivas de retorno no longo prazo. Aqui é bom analisar a perspectiva de crescimento das empresas também, já que temos 2 frentes de crescimento, ensino a distância ou abrindo mais escolas, além de um constante ajuste entre o tipo de profissional demandado pelo mercado e os cursos oferecidos pelas empresas.

PAPEL E CELULOSE

Esse setor é um setor bem cíclico, pois depende muito da exportação, ou seja, do câmbio. O preço do petróleo influencia, já que grande parte do custo operacional dessas empresas é destinado a “combustível” para mover as maquinas, e alguns derivados do petróleo também como fertilizantes e insumos petroquímicos.

Aqui tem um problema grande também ambiental, questão de regulamentação, desmatamento e tudo mais. Apesar dessas empresas trabalharem em regime autossustentável, no plantio da matéria-prima, sempre tem o risco de algumas medidas regulatórias por questões ambientais. Assim como o setor de siderurgia e mineração, esse setor é impulsionado pelo crescimento dos países em desenvolvimento. Nos últimos anos as empresas desse setor vêm aumentando sua capacidade produtiva, para atender ao aumento do consumo tanto brasileiro quanto mundial. O setor é bem sensível à variação cambial. É importante deixar claro o seguinte, quanto mais manufaturado produto e quanto mais valor agregado ele tiver, melhor.

SAÚDE

Nesse setor estão empresas que tem laboratórios, que trabalham com medicamentos, planos de saúde, e farmácias físicas. O setor é relativamente seguro e tem boas perspectivas de crescimento a população está ficando cada vez mais velha e com menos saúde, o que demanda mais remédios, alimentos cada vez com mais produtos químicos e tudo mais. Enfim, aqui devemos observar que tipo de empresa estamos estudando para conseguir comparar empresas de uma mesma área de atuação, até para entender melhor as margens e ver qual tem mais perspectivas futuras de crescimento.

Outro ponto é ficar atento às regulamentações do governo, ANVISA, OMS, entre outras. Esse é um problema grande do setor. No caso das farmácias é ver se a empresa tem como continuar sua expansão. No caso de laboratórios e empresas que trabalham com remédio é bom saber que patentes de medicamentos geralmente são reconhecidas pelo prazo de dez anos.

TRANSPORTE E LOGÍSTICA

Esse setor é cíclico, ele caminha junto com a economia, a economia aquece, aumenta a demanda por transporte e logística e as empresas faturam. A economia esfria cai a demanda, cai receita, cai o lucro, simples assim. A demanda pelo transporte é o principal fator de acompanhamento, está diretamente ligado ao nível de atividade econômica do país. Empresas com diversificação nos negócios conseguem pulverizar o risco e as que tem foco em soluções integradas de logística tendem a se beneficiar.

Para empresas do setor portuário é importante atentar para a constante discussão sobre a regulamentação portuária, que pode alterar o nível de concorrência. O setor até que tem uma boa perspectiva futura, vão sobreviver e se dar bem as empresas que demostrarem a competência e o comprometimento da gestão. Aqui é bom analisar os custos em relação a receita e ebita, para ter uma noção da eficiência das empresas. Nesse caso eficiência é tudo, quem  tem menores custos operacionais sai na frente, pois consegue fazer melhores preços.

BANCÁRIO

O setor depende do crescimento econômico, taxas de juros baixas e inflação controlada, isso promove um aumento de receita como produtos de credito. O mais importante aqui é a estratégia utilizada pela empresa assim como sua capacidade e velocidade de adaptar-se às mudanças. Isso é o que define as chances de ter ou não um bom exercício. Por terem sua atividade suportada por modernos sistemas de tecnologia, e absorção de aumento na demanda, não depende do tempo de maturação de grandes investimentos.

Entre os fatores de risco, o que merece maior destaque é o risco regulatório, já que este é um setor critico nas questões econômicas e politicas, tendo o banco central autonomia para regular e fiscalizar seu funcionamento. Devemos acompanhar as mudanças de cenário que poderão ocorrer no futuro. É comum o surgimento de novos fatores e tecnologias que vem como alteração do grau de influência dos fatores existentes. Apesar de tudo isso, é um bom setor da bolsa, mais seguro e inclusive o mais rentável.

Aqui é importante analisar o crescimento dos lucros das empresas, e analisar as margens bancárias. Além disso você deve analisar o índice de Basiléia, que mede a “segurança” que o banco tem ao emprestar dinheiro aos seus credores. Abaixo de 11 é considerado ruim, entre 11 e 14 é considerado bom e acima de 14 é considerado ótimo. E analisar o índice de eficiência (despesas  operacionais/receita) – abaixo de 50% é considerado um bom índice. Esses dois indicadores são muito importantes para comparar empresas desse setor. 

TELECOMUNICAÇÕES

Setor também bem complicado, concorrência bem acirrada, as margens caem drasticamente por conta dessa briga por clientes. É um setor meio cíclico, tende a acompanhar a economia, tem problemas de regulamentação direto com a Anatel. Complicado !

CONCESSÃO RODOVIÁRIA

Esse setor trabalha com concessões de rodovias e recebem através dos pedágios. Aqui tem os riscos de regulamentação do governo, depende muito do trafego de veículos nas rodovias sob a gestão da empresa. Esses números são impulsionados pelo crescimento econômico que suporta a venda de veículos. O preço do petróleo também tem uma influência boa nessas empresas, tanto pela redução do trafego, quanto pelo custo de manutenção, recuperação e construção de rodovias. O custo para construção de rodovias é alto, e o custo de manutenção também não é barato. Complicado !

AÉREO

O setor aéreo é outro setor problemático. É o mais arriscado, se tiver uma crise então, piora de vez. Além disso tem todo o risco regulatório e a variação do preço do petróleo. Setor bem volátil, sem contar que acidentes aéreos podem derrubar do dia para a noite as cotações das empresas.

SIDERURGIA E MINERAÇÃO

Esse setor é muito dependente do preço dos comodities. Produtos que funcionam como matéria-prima, produzidos em escala e que dependem ser estocados sem perda de qualidade, como o minério de ferro e o aço por exemplo. Todas as empresas que trabalham com commodities são empresas cíclicas, já que os produtos dependem de estoques safras entre safras, picos de produção e tudo mais.

É um setor que requer alto investimento e com retorno relativamente lento, depende muito da moeda estrangeira (EUA, China e Mercado Europeu). Ou seja, sofrem grande influência do cambial. Esses setores são impulsionados pela taxa de crescimento da economia, principalmente os países formadores do BRIC (Brasil, Rússia, índia e China), que estão em pleno desenvolvimento e representam grande parte do consumo mundial de aço. O investidor deve ficar atento à política macroeconômica global, pois o continuo crescimento dessas empresas está ligado à manutenção da saúde econômica global.

VESTUÁRIO

O setor de vestuário é um setor cíclico acompanha muito o momento da economia, taxa Selic (credito), IPCA (desvalorização da moeda), desemprego e tudo mais. Nessas empresas a receita é bem importante, assim como o crescimento dessa receita. Requer investimentos para abrir mais lojas e vender mais. O setor também tem um outro problema, as trocas de estação, ou seja a margem dessas empresas varia muito, já que quando vai mudar a estação as lojas fazem liquidação do estoque que ficou parado. Quanto mais estoque excedente mais vendas com menor margem, ou seja, quanto melhor a gestão nesse ponto, menos excedente de estoque menos quedas de margem, simples assim.

Procure nesse setor empresas que sejam mais resilientes às crises, que não sofram tanto em momentos de crise e que tenham as dividas bem controladas, já que é um setor cíclico. É um setor que as marcas e coleções tem que ser levadas em consideração, uma coleção ruim pode afetar negativamente não só o caixa da empresa, mas a imagem dela diante dos consumidores.

CONSTRUTORAS / SETOR IMOBILIÁRIO

Esse setor é totalmente atrelado ao cenário econômico do país. Ao fazer financiamento de imóveis, quase 70% das pessoas e empresas procuram a Caixa Econômica Federal, já que os juros dos financiamentos imobiliários lá são os menores do mercado. Eles conseguem isso pois esse dinheiro é captado do FGTS e da poupança.. Se CEF diminuir o limite de financiamento de pessoas e empresas, elas param de comprar imóveis o que esfria o setor. Se aumentar a taxa Selic por exemplo, a mesma coisa, pois além de o dinheiro ficar mais caro (juros mais altos), o mercado fica parado. Aí vem crise e desemprego, aumentam os destratos e assim vai. Esse é o ciclo do mercado imobiliário, bem parecido também com o dos FIIs. 

Por ser um setor de atuação complexa com projetos de longo prazo, o histórico de bom desempenho da empresa também é um fator de muita  importância na seleção do papel. O setor imobiliário é responsável por desencadear a aquecimento em vários outros setores da economia, pois é consumidor de recursos diversos e grande empregador de mão-de-obra. 

ENERGIA ELÉTRICA

É um setor considerado seguro. É influenciado pela atividade na cadeia produtiva, ou seja, reage às perspectivas de crescimento econômico. Os leilões de energia ditam as principais diretrizes do setor, bem como as perspectivas de receita para os próximos anos.

O setor elétrico se divide em três. A parte da geração, a parte de transmissão e a parte de distribuição. Esse setor tem por característica trabalhar um pouco mais alavancado (alto endividamento financeiro), já que elas tem uma elas tem uma previsibilidade da renda muito boa podem trabalhar mais alavancadas.

Essas empresas geralmente pagam muitos dividendos, o que pode ser um problema caso ela tenha uma gestão fraca. Mas na verdade elas são boas pagadoras de dividendos, pois não precisam reinvestir muito no negócio e não tem muito custo com manutenção, ou seja, elas distribuem a maior parte dos lucros aos acionistas.

O Processo de Produção

O processo de produção de energia elétrica no Brasil funciona da seguinte maneira. Temos o processo de geração de energia elétrica que acontece em várias usinas espalhadas pelo brasil (principalmente hidrelétrica) que depois de produzida essa energia vai para as linhas de transmissão. Essa energia também pode ser vendida diretamente no mercado livre de energia ou ainda a empresa pode vender diretamente para clientes cativos (grandes). As empresas de geração de energia tem mais facilidade em gerar ebitda e caixa altos e tem menos custos de manutenção. Os maiores custos nessas empresas são os custos de instalação das usinas geradoras.

Já as empresas que trabalham com a parte de transmissão de energia, são responsáveis por fazer o transporte dessa energia das geradoras para as distribuidoras. As empresas de transmissão são remuneradas através da RAP (receita anual permitida), que é a remuneração que as transmissoras recebem pela prestação o serviço público de transmissão.

As distribuidoras de energia são responsáveis, além da contenção para as residências eles também são responsáveis pela manutenção de toda a rede elétrica da cidade. Ou seja, o custo maior está em empresas desse segmento, ou seja, aqui já temos uma dificuldade de gerar um caixa e ebitdas altos pois além de terem um alto custo de manutenção das linhas de energia, alto custo com pessoal e tudo mais, eles ainda sentem mais as crises, por conta da variação de consumo. 

TECNOLOGIA

O setor de tecnologia da informação (TI) apresenta características ambíguas no Brasil. Por um lado, possui indicadores de inovação e de esforço tecnológico mais elevados que a média do setor industrial. Por outro lado, o setor apresenta duas fraquezas estruturais, que têm relação entre si. Em primeiro lugar, existe uma forte dependência da importação de componentes eletrônicos, que têm importância crescente no valor agregado dos produtos. Tem que entender bem o setor, se você entende já é meio caminho andando. A concorrência é muito acirrada, necessita de alto reinvestimento para buscar novas pesquisas e desenvolvimentos de produtos e softwares e busca de novas tecnologia. Tem que gastar muito em desenvolvimento de produtos e tal, cenário difícil para o Brasil.

As melhores empresas do setor além de brigar com as nossas empresas, ainda tem que enfrentar uma concorrência brutal das multinacionais. Por outro lado, esse setor tem uma perspectiva de crescimento top. Aquecendo a economia as empresas , voltam a crescer, e voltam a investir. Novas empresas surgem, e cada vez mais a necessidade de TI se faz presente hoje em dia, até porque se você abrir um negócio e não investir em TI, você está fora do mercado.

ÁGUA E SANEAMENTO

Considero esse setor um setor também relativamente seguro apesar de terem alguns pontos importantes a observar. A atividade da indústria de água e saneamento compreende basicamente a extração de água de fontes do subsolo e de fontes de superfícies.

Existem externalidades a serem observadas. Os produtos apresentam uma demanda generalizada (consumo praticamente universal) e pouco sensível a variações de preço (preço inelástico). A demanda por água pode ser considerada fortemente sazonal, com pico nos meses de verão. A qualidade da água e o padrão de serviço fornecido, são também fatores importantes na determinação da demanda.

A regulação pode ser do tipo externa, quando a agência governamental reguladora controla preços, define a entrada de novas firmas no mercado e faz auditoria de custos. Ou do tipo interna, quando a agência influencia os esquemas de incentivos dados aos administradores, decide sobre o emprego, o grau de endividamento da firma e o tipo de investimento que a firma realiza.

Nesse setor, além da intervenção governamental, esse setor ainda está sujeito ao risco das crises hídricas (já que depende de agua). entendendo isso fica mais fácil de estudar e comparar as empresas do setor.