ANALISANDO FATORES MACROECONÔMICOS

Os fatores macroeconômicos podem interferir diretamente nos negócios ou no mercado de uma empresa. 

Seguem os principais indicadores macroeconômicos que o investidor deverá levar em consideração durante a análise de uma empresa.

ÍNDICES DE INFLAÇÃO

Os índices de inflação são os termômetros da economia de um país, indicando o grau de equilíbrio entre a oferta e a demanda. Por meio deles, percebemos, nos diversos setores da economia, o quanto as empresas estão preparadas para atender os consumidores em relação à capacidade produtiva. Em suma, quando o consumo se aquece e não há oferta suficiente, o índice de inflação apresenta uma variação positiva. Contudo, e de forma análoga, havendo redução no consumo, o índice tende a variar negativamente, forçado pela presença da oferta maior que a demanda. Seguem os principais :

  • IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Utilizado como parâmetro para a política de metas de inflação. Em sua composição estão inclusos os gastos com alimentação, habitação, transportes, comunicação, vestuário, saúde e cuidados pessoais.

  • IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fipe)

Calculado pela Fipe com base nos custos de habitação, alimentação, transportes, despesas pessoais, saúde, vestuário e educação para uma faixa de renda familiar de 1 a 20 salários mínimos.

  • INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)

Calculado pelo IBGE, que mede a variação de preços em produtos de alimentação e bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais, transportes e vestuário para uma faixa de renda familiar de 1 a 20 salários mínimos.

  • INCC (Índice Nacional de Custo da Construção)

Índice específico para o setor de construção. Reflete a variação de preço nos materiais de construção e na mão-de-obra do setor. 

  • IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado)

Divulgado pela FGV, é calculado com base no IPA, IPC e INCC, com pesos respectivos de 60%, 30% e 10%, Foi criado para corrigir operações financeiras e atualmente também é utilizado para corrigir alguns títulos públicos, contas de consumo e contratos de aluguel.

 

TAXA DE JUROS

A taxa básica de juros da economia, conhecida como taxa Selic. É uma ferramenta utilizada para determinar o nível de atividade econômica. Seu valor é definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão governamental responsável por estabelecer as diretrizes de política monetária do país. Contudo, ao fixar uma meta para a taxa, o governo estipula qual será o rendimento das operações efetuadas com o uso de títulos públicos, consideradas as de menor risco da economia.

Quando o Copom necessita frear a economia, a taxa é elevada, encarecendo o crédito a empresas e ao consumo e levando instituições e investidores a comprar mais títulos públicos e reduzir os investimentos em outros setores. Contudo, para aquecer a economia, a taxa é reduzida, diminuindo o custo do capital para investimento. Pois assim, facilita o crédito ao consumidor e força o mercado a vender títulos e procurar outras formas de obter o mesmo retorno, por meio de novos investimentos, novos negócios e financiamento ao consumo.

 

CÂMBIO

A taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira em moeda nacional. No Brasil, o regime cambial praticado pelo governo é conhecido como regime de câmbio flutuante, pois o preço da moeda é determinado pela relação entre a oferta e a procura.

A taxa de câmbio sobe quando há maior procura pela moeda estrangeira e desce quando há maior procura pela moeda nacional.  Contudo, eventualmente, o Banco Central do Brasil (Bacen) efetua compras ou vendas pontuais, como objetivo de conter excessos de alta ou de baixa considerados anormais ou especulativos.

 

RISCO PAÍS

Conhecido pela sigla EMBI (Emerging Market Bond Index), o índice calculado pelo banco JP Morgan é utilizado para medir o grau de risco de uma economia. O risco país é, desta forma, um termômetro para saber qual a  percepção de risco dos investidores internacionais. Em suma, quanto menor o risco país, maior a certeza de que a economia tem atratividade e continuará recebendo investimento externo.

 

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país durante o período de 1 ano. É calculado pelo IBGE e sua metodologia de cálculo avalia apenas bens e serviços finais, apurando também importações e exportações. É o principal indicador utilizado para medir o nível de atividade econômica do país e sua variação.

Para a análise fundamentalista, mais importante que o PIB passado, é o PIB projetado para os próximos períodos. Pois as projeções do PIB afetam diretamente a expectativa futura de consumo por bens e serviços. Portanto, é importante monitorar os fatores que influenciam o PIB projetado, como demanda interna, câmbio e taxa de juros.

 

TAXA DE DESEMPREGO

A taxa de desemprego também é um dos fatores macroeconômicos que indicam o desenvolvimento ou recessão econômica do país. Quando a taxa de desemprego está elevada, o consumo por produtos e serviços das famílias diminui. Em suma, no curto prazo, isso desaquece os setores produtivos e ocasiona na demissão de mais trabalhadores.

 

BALANÇO DE PAGAMENTOS

O balanço de pagamentos é, para o investidor, uma importante ferramenta que permite monitorar a atividade do país no contexto internacional. É disponibilizado mensalmente no site do banco central : www.bcb.gov.br.

Entre as informações que estão disponíveis no balanço, podemos destacar as seguintes:

  • Variação de reservas

Permite avaliar o resultado geral do balanço e observar se esteve em déficit ou em superávit. A indicação de déficit aponta o país como um cenário de maior risco para os investimentos estrangeiros. Portanto, a indicação de superávit, e até seu crescimento, atrai novos investimentos para o país, pois passa uma imagem de credibilidade, demonstrando um crescimento sustentado da economia.

  • Balança Comercial

Permite avaliar o resultado líquido do somatório entre as contas de importação e exportação. Contudo, essa informação é importante para avaliar tendências, bem como antever o comportamento do dólar. Quando a tendência é de aumento das exportações, certamente podemos esperar maior entrada de dólares e consequente redução no preço dessa moeda. Contudo, o acréscimo nas importações demandará também a necessidade por dólares, aumentando assim seu preço.

 

CAPACIDADE DE PAGAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA

A dívida externa pode ser definida como o somatório dos débitos de um país perante seus credores internacionais. Decerto esses débitos podem ser provenientes de empréstimos e financiamentos contraídos no exterior pelo governo ou por empresas estatais e privadas dos mais variados setores. Em suma, a capacidade de pagamento da dívida externa é vista pelo mercado como uma medida que se traduz em risco.

 

COMMODITIES

Commodities são produto sem estado bruto ou com pequeno grau de industrialização, negociados de maneira global em bolsas de mercadorias e futuros. 

As commodities têm um papel indireto e muito importante no movimento do mercado de ações. Em suma, o preço futuro das commodities é monitorado diariamente nos contratos negociados na BM&F e nas demais bolsas mundiais, pois afeta as projeções de custo e as projeções de faturamento de grandes empresas que possuem seus papéis negociados na Bolsa. 

 

PETRÓLEO

Atualmente, o petróleo é a principal fonte de energia do planeta, pois constitui-se na matéria-prima básica para fabricação de inúmeros produtos, como combustíveis, lubrificantes e insumos petroquímicos. Certamente situa-se entre as commodities negociadas no mercado futuro que mais afetam a economia em qualquer país do mundo. Em suma, qualquer atividade produtiva tem em sua estrutura de custos a influência direta ou indireta do petróleo. 

Além dos impactos diretos na produção, existem também os que recaem sobre a logística de distribuição, onde o transporte de matérias-primas e produtos acabados é essencialmente rodoviário ou aéreo que depende diretamente do petróleo. Sobretudo por causa do impacto causado pelo preço do petróleo nos produtos e serviços, o efeito é do tipo cascata, pois interfere nos custos de toda a cadeia de fornecimento.